A economia brasileira vive há uma década uma estagnação causada, em parte, pela baixa integração ao comércio internacional. A rede de acordos preferenciais e de livre-comércio totaliza apenas 8% das importações mundiais de bens. A título de comparação, esse índice é de 73% para a Coreia do Sul, e 64% para o Canadá. Mas o Brasil tem a chance de melhorar drasticamente esta situação. Após 20 anos de negociações, foi fechado em 2019 o Acordo comercial entre Mercosul e União Europeia.

Ele ainda carece da chancela dos conselhos dos dois blocos, e possíveis novas exigências na área ambiental por parte da Europa, e de compromissos sobre compras governamentais por parte dos sulamericanos, parecem travar a assinatura final. Urge que isso seja feito o quanto antes. Uma vez em vigor, a rede de acordos brasileira saltaria para 37% das importações mundiais de bens. Será o maior mercado de livre comércio do planeta pela sua abrangência e importância.

"Existe uma janela de oportunidade agora em 2023 porque os líderes ora no poder são entusiastas do acordo", explica Constanza Negri, gerente de Comércio e Integração Internacional da Confederação Nacional da Indústria (CNI). "Essa janela será perdida se forem reabertas as discussões, uma vez que a rotação nas presidências dos blocos e as eleições em vários dos países participantes vai acabar empurrando a assinatura do acordo indefinidamente".

Os 27 países da UE e os quatro do Mercosul somam um produto interno bruto (PIB) de 20 trilhões de dólares, cerca de 20% da economia mundial. Trata-se de um mercado consumidor de 780 milhões de pessoas. O Brasil tem um longo histórico de boas relações comerciais com o continente europeu, mas este elo está se perdendo, com prejuízo para a economia nacional – especialmente a indústria.

Números

Dados oficiais apontam que, entre 2002 e 2022, as exportações brasileiras deixaram de ter no mercado europeu seu principal destino e passaram, cada vez mais, a ter foco na China. Nesse período, a participação da UE nas nossas vendas externas caiu de 23% para 15%, enquanto a parcela chinesa cresceu de 4% para 27%.
Mas apenas 22% do que vendemos ao mercado chinês, em 2022, correspondia a bens da indústria de transformação, ao passo que esses produtos responderam por 49% de tudo o que o Brasil exportou para o bloco europeu no ano passado. Aumentar o comércio com a UE, com destaque para os produtos industriais, significa fomentar a criação de empregos formais.

O acordo também tem potencial para promover uma diversificação das exportações brasileiras. Em 2022, apenas os dez produtos mais exportados representavam 54% do valor total das vendas brasileiras ao exterior. A entrada em vigor contribuirá a um processo de retomada da relevância do comércio bilateral de bens da Indústria de Transformação – o qual perdeu 18,4 p.p. na composição do comércio do Brasil com a EU, entre 2001 e 2022. Um levantamento da CNI mostra que cerca de três mil artigos terão tarifa zero para entrar na UE já na assinatura do tratado, e outros tantos ganharão o mesmo tratamento em um período de 10 anos.

Frise-se que há um cuidado com outras áreas para além da economia, como os compromissos assumidos em instrumentos multilaterais em relação à proteção das condições de trabalho, meio ambiente, política multilateral, segurança, clima e energia. Ainda é prevista a possibilidade de apoio técnico e financeiro da UE para fortalecer capacidades exportadoras, bem como para auxiliar no cumprimento de compromissos ambientais do Mercosul.

Fonte: O Sul

Imagem: União Europeia

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