Na manhã desta quarta-feira (13), o presidente da ABTI, Francisco Cardoso, participou do programa Gaúcha Atualidades, da Rádio Gaúcha, para comentar os impactos e expectativas gerados pelo novo pacote econômico anunciado pelo governo de Javier Milei na Argentina.
Durante a entrevista, Francisco destacou que as medidas são impactantes e sinalizam que o "passado de incertezas e artificialidades na condução dos negócios tende a se encerrar neste novo Governo".
Ontem (12), o ministro da Economia, Luis Caputo, anunciou o que chamou de "pacote de medidas econômicas de emergência", incluindo uma forte desvalorização do câmbio oficial, que fica agora em $800. Além disso, a desvalorização vai ser acompanhada por um aumento provisório de 17,5% do imposto PAIS sobre as importações, levando o dólar importador a $940.
Conforme o governo, isso dará "um incentivo à produção e às exportações e um desincentivo para continuar a aumentar artificialmente as importações". Caputo admitiu que o país estará "pior que antes durante uns meses" em termos de inflação.
Questionado sobre os efeitos dessas medidas na manutenção dos negócios entre Argentina e Brasil, Francisco avalia que as importações não irão parar devido a necessidade do país vizinho de produtos estrangeiros para alimentar sua cadeia produtiva interna.
Isso porque com o aumento do valor recebido pelos exportadores argentinos, fomentado pela desvalorização, o Governo de Milei espera arrecadar em curto prazo US$ 5 bilhões. Francisco estima que esse processo ajudará o país a financiar a economia e iniciar o pagamento das importações devidas e correntes.
Dessa forma, a Argentina sinaliza os esforços para reduzir seu déficit fiscal e equilibrar suas contas, podendo estimular os investimentos no país. "Eu entendo que isso é a âncora para a solução dos problemas, porque vai dar confiança para quem tem dinheiro para emprestar, seja o FMI (Fundo Monetário Internacional), outro organismo bilateral ou até mesmo investidores", afirmou Francisco.
Reforçando os anúncios do Ministro da Economia, na madrugada desta quarta-feira, o Banco Central da República Argentina (BCRA) definiu em comunicado as "novas orientações monetárias e cambiais" que acompanham o pacote econômico. Entre as ações anunciadas está a eliminação de "todo requisito relacionado com a obtenção de autorizações através dos SIRA ou SIRASE".
Sobre as expectativas desta eliminação e da retomada dos pagamentos dos valores retidos na Argentina aos fornecedores internacionais, Francisco afirmou que espera-se um cenário melhor devido às promessas do governo de permitir que o mercado se autorregule.
O Presidente da Associação lembrou que conforme noticia a imprensa argentina, haverá um momento de transição para outro sistema que não requeira a aprovação de licenças, porém primeiro o Governo deverá avaliar o quanto é devido ao exterior para programar e estabelecer prazos para a quitação das dívidas.
"Acreditamos que com essas licenças eliminadas, o mercado será livre para fazer negócios. Não sei se em algumas semanas ou em alguns meses, mas em breve acreditamos que voltaremos à normalidade", concluiu.
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